Viajamos até à ilha imaginária onde se dança a um deus desconhecido, ao som de uma guitarra “makaka”. Visitamos a Índia e o universo hindustani dos Elephant Stone. Paramos em Frankfurt, a olhar a Musikmesse. E subimos, literalmente, ao palco com os Royal Blood, no Coliseu dos Recreios.
O Carlos Garcia não podia ter escolhido uma melhor capa, com um mais apropriado conceito, para se debruçar nesta edição. “Por Este Rio Acima”, obra prima de Fausto, com uma paralelamente primorosa ilustração de José Brandão, evoca o espírito de liberdade de um povo (acabado de celebrar mais um 25 de Abril) e a sua vocação e coragem exploradoras. Coragem que haveria de desbravar o “caminho marítimo para a Índia”. E é até à Índia e ao som do sitar que viajamos com Rishi Dhir, para descobrir a experimentalismo da música clássica hindustani em fusão com a pop, o drone e o psicadelismo. Marcas do som dos Elephant Stone.
Experimentalismo foi traço que ressurgiu numa geração de músicos nacionais que teve um parco aproveitamento do público e das editoras. Indómito, Tó Trips, um dos rostos dessa geração, recusou-se a naufragar e fez do cabo das Tormentas cabo da Boa Esperança. Foi navegando a costa rumo a novas paisagens sonoras e linguagens musicais. No novo álbum traça as coordenadas para uma ilha imaginária e, em entrevista, acompanhado da velha Resonator com que as gravou, explica-nos como lá chegou.
Numa edição em que podíamos chamar a Arte Sonora de Viagem Sonora, paramos em Frankfurt para olhar as novidades da Musikmesse 2015 que a redacção considera mais promissoras. Gear para todos os gostos, desde os curiosos sintetizadores PatchBlocks à estreia do aclamado StingRay, da Music Man, num design neck through. De regresso a Lisboa, viramos a atenção para os bateristas, com os testes a um conjunto de pratos Zildjian A e a um Paiste Signature. E ainda falamos com Ben Thatcher, o baterista dos Royal Blood, que nos levou ao palco do Coliseu dos Recreios, a ver o soundcheck da banda e o seu backline.
É assim a Arte Sonora, «por mares nunca dantes navegados»…
No topo, “A partida de Vasco da Gama a Índia em 1497″, aguarela de Alfredo Roque Gameiro (1864-1935). Biblioteca Nacional de Portugal.